Vidas Secas é um romance do escritor Brasileiro Graciliano Ramos, publicado em 1938. Graciliano Ramos nasceu em Quebrangulo no dia 27 de outubro de 1892. Originário do nordeste, foi eleito prefeito de Palmeira dos Indios e publica o seu primeiro livro Caetés em 1933. Em 1936 é preso em Alagoas e escreve durante a sua estadia na prisão Memórias do Cárcere; é liberto em 1937. Em 1945, integra o partido comunista Brasileiro. Adoece em 1952 e morre em 20 de março de 1953, vítima dum câncro nos pulmões.
Em Vidas Secas, Graciliano Ramos, relata a história duma família composta por Fabiano, o pai de familia, Sinha Vitória, a mãe, o menino mais velho, o menino mais novo, Baleia, a cadela e o papagaio, que vive no sertão Brasileiro e que tenta sobreviver à seca.
A história começa com a fuga da família, e a sua difícil viagem na qual sacrificam o papagaio para matar fome. Finalmente acabam por encontrar uma fazenda vazia e ocupam-na até a chegada do dono que acaba por empregá-los. Ficam ali um certo tempo, durante o qual são confrontados a problemas como a doença da cadela Baleia que são obrigados a matar, a presença das autoridades, etc. Finalmente após ter conseguido uma certa estabilidade a família é obrigada a fugir outra vez para escapar à seca.
Relativamente ao contexto histórico do romance, sabemos que ele foi publicado em 1938, isto é durante a ditadura de Vargas, isto é, durante o Estado Novo. Relativamente á narrativa, ela não é datada, não há elementos precisos que nos permitem afirmar. No entanto parece passar no final do século XIX, durante a républica do café com leite.
[...] Além disso, em Vidas Secas Graciliano Ramos trata vários temas da época como por exemplo a exploração dos pobres pelos ricos proprietários representados pela figura do patrão da fazenda. Esta figura aparece pela primeira vez na página 19 querendo expulsar Fabiano e a sua família mas acabando por fazê-los trabalhar para a sua conta : Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu e sementes de mucanã. Viera a trovoada. com ela, o fazendeiro, que o expulsara. [...]
[...] Ao contar a história destas personagens, Graciliano Ramos pinta o contexto histórico do final do século XIX. Percebemos então nesta época, os pobres nordestinos eram excluídos pelos mais ricos e que o poder era abusivo. Além disso percebemos que o nordeste brasileiro era quase abandonado o que se manifesta, pelo atraso no desenvolvimento da região e pela falta de medidas tomadas para ajudar as famílias confrontadas à seca. Finalmente o facto deste romance não ser precisamente datado faz com ele seja ainda actual dado que trata duma realidade ainda presente hoje em dia. [...]
[...] [ ] O soldado, magrinho, enfezadinho, tremia. [ ] Por que seria que aquele safado batia os dentes como um caititu ? Não via que ele era incapaz de vingar-se ? Não via ? Fechou a cara. A ideia do perigo ia se sumindo.Que perigo ? Contra aquilo nem precisava facão, bastava as unhas. [ . ] Aprumou-se , fixou os olhos nos olhos do polícia, que se desviaram. Um homem. Besteira pensar que ia ficar murcho o resto da vida. Estava acabado ? [...]
[...] De facto, na página 65, Fabiano sabe muito bem que a seca vai voltar : A catinga amarelecera, avermelhara-se, o gado principiara a emagrecer e horriveis visões de pesadelo tinham agitado o sono das pessoas. Sinha Vitória também não pode parar de pensar, apesar da estabilidade encontrada e da chuva, na seca e nas dificuldades que encontraram : Pensou com um arrepio na seca, na viagem medonha que fizera em caminhos abrasados, vendo ossos e garranchos. Afastou a lembrança ruim. Portanto, a família de Fabiano encontrou na fazenda um estabilidade e a seca parou mas as lembranças da seca são omnipresentes porque foram experiências difíceis, dolorosas, inesquecíveis. [...]
[...] Temos então a partir das figuras do patrão e do soldado amarelo, uma crítica do poder e da exploração dos pobres pelos fazendeiros mas também pelas autoridades que se manifesta por injustiças sociais. Injustiças que históricamente, deram origem aos cangaços, que era uma forma de banditismo social no nordeste brasileiro, entre os séculos XIX e XX, e que tinha por objectivo a justiça social obtida através de assaltos às fazendas, a armazéns, etc. Aliás, estes cangaços são evocados duas vezes por Graciliano Ramos em Vidas Secas. Primeiro na página 33, onde o cangaço aparece como uma forma de resistência ao governo Imaginou o soldado amarelo atirando- se a um cangaçeiro na catinga. [...]
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