O Cortiço, romance naturalista de Aluísio Azevedo, trata do quotidiano numa habitação colectiva do Rio de Janeiro do século XIX. Apesar das mentalidades, encontramios em O Cortiço os temas mais « tabous » da época, todos relacionados com a sexualidade, tais como a homosexualidade, a prostituição, o adultério, a violação e a pedófilia. Vamos então estudar este aspecto comparando três passagens do romance que são as relações sexuais entre Leocádia e Henrique, Jerônimo e Rita Baiana e Léonie e Pombinha.
[...] B-A fragilidade de Pombinha Face a esta atitude da madrinha, Pombinha não consegue rebelar-se por causa da sua timidez : sem ânimo de protestar, por acanhamento vermelha de pudor Além disso, ela opõe-se, tenta defender-se. Primeiro com palavras onde predomina da negação: Não ! Para quê ! . Não quero despir-me Não quero Não ! Não ! e logo com gestos : Pombinha arfava, relutando a menina voltara a si e torcera-se logo em sentido contrário à adversária, cingindo-se rente aos traversseiros e abafando o seu pranto, envergonhada e corrida. [...]
[...] Dentro dos pares tb há oposições, já que Leocádia e Henrique representam a oposição entre o cortiço e o sobrado e Jerônimo e Rita Baiana, a oposição entre Portugal e o Brasil. Contudo cada caso acaba num abandono do cortiço na decepção e na infelicidade da pessoa enganada (Piedade e Bruno). II- O confronto Pombinha/ Léonie A relação que ocorre entre Léonie e Pombinha é completamente diferente já que se trata de homosexualidade e de sexo não consentido e animalizado. [...]
[...] sem consciência de nada que o cercava, nem memória de si próprio, sem olhos, sem tino, sem ouvidos O prazer de Rita Baiana e Jerônimo resulta duma verdadeira paixão amorosa, não tem objectivo senão o prazer o que não é o caso da relação entre Leocádia e Rita Baiana. De facto, a relação sexual tem finalidades precisas. Por um lado, parece que Leocádia faz isso para que Henrique lhe dê o seu coelho e por outro, tem um objectivo lucrativo que é engravidar para poder ser ama de leite : Olha ! pediu ela, faz-me um filho que eu preciso alugar-me de ama- de-leite Agora estão pagando muito bem as amas! [...]
[...] Acabam por ser descobertos pelo marido de Leocádia o que dá lugar à um escândalo no cortiço e provoca a partida de Leocádia do cortiço. Quanto ao segundo caso, situa-se no capítulo XV. Depois de ter matado Firmo, o namorado de Rita Baiana, que era um obstáculo ao nascimento duma relação amorosa entre Jerônimo e ela, ele volta para o cortiço. Em vez de voltar para casa, onde Piedade, a sua mulher, o espera, Jerônimo vai ter com Rita Baiana para confessar o seu amor. [...]
[...] [ ] Se me arranjares um filho, dou-te outra vez o coelho”. Este objectivo de reprodução assemelha- os a animais que querem comprir a sua função natural : a reprodução. A ausência de prazer é evidencida pela presença dum díalogo exagerado. Com efeito, Leocádia anuncia o seu objectivo e preocupa-se com o coelho Olha que mata o bichinho ! reclamou a lavadeira. Não batas assim com ele ! mas não o soltes, hein ! [...]
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