0bjetiva-se na construção desse artigo realizar uma breve análise do romance O Cortiço de Aluísio Azevedo, enfatizando o processo de marginalização e arranjos sociais da escravidão urbana. Para tanto, observa-se o contexto em que a obra foi escrita destacando a influência das correntes científicas da época, tais como: determinismo, fatalismo e darwinismo, como determinantes na construção do romance. Esta obra, escrita no final do século XIX, numa época de grandes mudanças sociais, políticas e econômicas, representando um verdadeiro retrato deste período, com seus tipos humanos, sua descrição dos cenários, a denúncia das mazelas e patologias sociais. Que apresenta uma sociedade dividida entre homens brancos livres da classe dominante e homens negros escravos, sendo os últimos condenados ao trabalho e a uma vida miserável, e os primeiros a uma ascensão social, com direitos a desfrutar de toda a riqueza produzida pela classe marginalizada.
Aluísio Azevedo expõe deficiências no trato de personagens, tornando-as psicologicamente pobres, o que pode ser desculpável, pois o Naturalismo tem uma predileção por tipos. Essa característica vem a calhar a um autor que se notabilizara como caricaturista.
[...] O valor pelas materiais estava em voga, era do inicio de uma geração do materialismo. (COUTINHO p.181). Tais transformações científicas ocasionaram também um “abandono” , e uma transição da fase romântica exagerada em idealismos para o gênero literário do Realismo que apregoava a descrição da realidade de forma correta. Dentro deste gênero realista apresenta-se uma vertente chamada de Naturalismo que trás características que enfatizam as mecânicas das relações sociais como fatores deterministas sobre quem é o ator social nos aspectos hereditário e geográfico , outro modo de análise próprio do naturalista é voltado para um espírito de objetividade e imparcialidades científicas que fazem com que o naturalista introduza na literatura todos os assuntos e atividades do homem, inclusive o aspecto bestial e repulsivo da vida, dando preferência às camadas mais baixas da sociedade. [...]
[...] O Negro no Pará sob o regime da escravidão. Ed. rer. ampl. Belém: IAP; Programa Raízes SILVA, Marilene Rosa Nogueira da. Negro na Rua: a nova face da escravidão. São Paulo: HUCITEC; Brasília: CNPQ TELLES, Edward Eric. Racismo à Brasileira: uma nova perspectiva sociológica. Rio de Janeiro: Relume Dumará WISSENBACH, Maria Cristina Cortez. Sonhos africanos e vivências ladinas: escravos e forros em São Paulo (1850-1880). São Paulo: HUCITEC Graduando de História da Universidade Vale do Acaraú. Graduando de História da Universidade Vale do Acaraú. [...]
[...] Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado . (AZEVEDO p.132). Como se observa, todo o desenrolar dos fatos, a construção das cenas e o final do romance foram metodicamente construídos fundamentados nas teorias científicas em moda na época. Esse fato não invalida o caráter denunciador do romance, pois embora a elaboração da personagem Bertoleza pareça muito artificial, o tipo humano representado por ela era muito comum, e Aluísio Azevedo a utiliza como forma de mostrar a dura realidade de um negro numa sociedade preconceituosa. [...]
[...] Seu primeiro impulso foi de fugir. Mal, porém, circunvagou os olhos em torno de si, procurando escapulir, o senhor adiantou-se dela e segurou-lhe o ombro. É esta! Disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui-los. Prendam-na! É escrava minha! . (AZEVEDO p. 132). Outra teoria que é notada no romance é o Fatalismo de Schopenhauer que defendia a seguinte tese: homem está fadado à dor e ao sofrimento, e seu prêmio é a morte.” (BERNADI p. [...]
[...] Acuada e vendo seu triste destino ela prefere se matar a se entregar. Sobre as cenas finais do romance Bosi faz o seguinte comentário: . A natureza humana afigura-se-lhe uma selva selvaggia onde os fortes comem os fracos. Essa, a mola do Cortiço. Essa, a explicação das vilanias e torpezas que “naturalmente” devem povoar a existência da gente pobre. E essa também a causa do desfecho, que se quer trágico, mas é apenas teatral . (BOSI p.191). Observa-se que o final trágico da pobre Bertoleza, teatralizado é uma forma de ressaltar a dura realidade, em que só poderosos sobrevivem, pois para galgar posições na sociedade eles devem esmagar os pequenos. [...]
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