O Brasil, sem dúvida, exerce um fascínio imenso sobre as pessoas que conhecem-no ou têm um contato com a sua cultura, os seus ritmos, a sua gente. Famosos são seus jogadores de futebol, mas famosas também são as suas manifestações culturais de todos os tipos: danças, músicas, culinária. Tanto quanto o sol e as praias, a diversidade e a gentileza das pessoas fazem parte da imagem que tem-se do país. A famosa aquarela do Brasil, que representa a sua diversidade e a sua riqueza cultural, atrai e encanta quem a descobre. De fato, a população, muito mestiçada, muito alegre, conservou até hoje uma grande variedade de características e práticas culturais. Encontram-se ainda tradições de diferentes origens ancoradas no dia-a-dia de todos ou de parte dos brasileiros.
[...] Às vezes até tocam grande parte da população, a qual agrega várias influências culturais. Isto faz-se de uma forma sincrética de dimensões impressionantes pela variedade de traços juntados. São elementos culturais diversos e agregados como num grande caldeirão que constituem o sentimento de identidade, tanto individual e comunitário, como nacional. Posso citar tradições como a de jogar flores no mar na virada do ano para pedir à Iemanjá, uma entidade sagrada (orishá) do candomblé, que os pedidos se realizem. Para falar em manifestações culturais de maior peso na identidade nacional, podemos falar do samba, da bossa nova, da capoeira, da festa de São João, entre outras. [...]
[...] A unidade, então, se bem conta com elementos realmente compartilhados por uma maioria, é mais devida a uma fachada e a uma organização política, econômica, midiática (posso citar a vontade de uniformização da rede de televisão Globo, por exemplo) do que a um sentimento nacional e uma cultura unificada. Afinal, os traços adotados por todos são poucos (futebol) e a realidade é mais uma convivência de diversas culturas, todas elas unidas “artificialmente” mas que poderiam perfeitamente constituir entidades identitárias, organisacionais, culturais, distintas. Penso especialmente nas populações indígenas da Amazônia, ou ainda nas “nações” congo ou moçambique de afro-descendentes, cujo vínculo comunitário é prioritário à identidade nacional brasileira. Darcy Ribeiro, povo brasileiro. A formação e o sentido do Brasil", Companhia das Letras Stuart Hall, Identidade Cultural na Pós-modernidade. [...]
[...] A famosa aquarela do Brasil, que representa a sua diversidade e a sua riqueza cultural, atrai e encanta quem a descobre. De fato, a população, muito mestiçada, muito alegre, conservou até hoje uma grande variedade de características e práticas culturais. Encontram-se ainda tradições de diferentes origens ancoradas no dia-a-dia de todos ou de parte dos brasileiros. Estes resquícios ainda importantes de fenômenos culturais tradicionais não são exclusivos de certos grupos fechados, que manteriam as tradições dos seus pais e avós, de forma meramente repetitiva. [...]
[...] Foi desta forma que o Brasil conseguiu assimilar populações de culturas de origens muito diferentes, que foram chegando ao Brasil aos poucos. Apesar de outros fatores terem contribuído para manter uno tanto o povo quanto o território brasileiros, esta incrível unidade manteve-se em parte graças à esta mestiçagem. Se formos comparar a situação do Brasil com a das antigas colônias espanholas, o fato dele não ter sido separado em distintas entidades aparece como um verdadeiro milagre, já que ele ocupa praticamente a metade do continente sul-americano. [...]
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